Entre os dias 7 e 9 de outubro, o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) participa da 5ª Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica, em Brasília (DF). A delegação é formada por professores e estudantes de sete campi (Campo Grande, Coxim, Dourados, Jardim, Nova Andradina, Ponta Porã e Três Lagoas) que apresentam 11 projetos desenvolvidos em diferentes áreas do conhecimento, alguns com selo pantaneiro.
O evento, realizado na Arena BRB Mané Garrincha, tem como tema ‘Juventudes que inovam, Brasil que avança’, e é promovido pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), do Ministério da Educação (MEC). A Semana integra o Festival Internacional de Inovação e Sustentabilidade da Indústria – Curicaca, que aproxima o setor produtivo da educação profissional e tecnológica, promovendo a troca de experiências.
Para o pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do IFMS, Edvanio Chagas, a presença da instituição na Semana Nacional reflete o compromisso com a formação integral e a pesquisa aplicada.
“Participar da 5ª Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica é motivo de grande orgulho para nós. Estamos representados por professores e estudantes de diversos campi que trazem projetos inovadores, inclusivos e comprometidos com o desenvolvimento dos nossos territórios. É uma oportunidade de trocarem experiências para o fortalecimento da pesquisa, do ensino e da extensão em nossa instituição”, celebra o pró-reitor.
Quem passa pelo estande do IFMS pode experimentar presunto de Pacu, Pintado e Mandira – Foto: Propi/IFMS
Selo pantaneiro – Parte dos projetos demonstra como a pesquisa desenvolvida no IFMS contempla os aspectos dos arranjos produtivos locais, abordando temas que perpassam a realidade sul-mato-grossense.
Um desses projetos, ‘Inovação e Aprendizado na Tecnologia do Pescado’, é do Campus Coxim. Orientada pela docente Greici Bergamo, a pesquisa valoriza o pescado sul-mato-grossense por meio do desenvolvimento de produtos como hambúrguer, quibe e linguiça de peixe, promovendo inovação e agregando valor à cadeia produtiva.
Eder de Mello Freitas, acadêmico do curso superior de tecnologia em Alimentos e morador de Rio Verde de Mato Grosso, destaca que o projeto é resultado direto das atividades práticas do curso.
“As atividades práticas são desenvolvidas durante toda a graduação, isso nos permite explorar um pouco mais sobre as disciplinas trabalhadas. Cada professor busca oferecer um pouco do seu conhecimento, proporcionando uma troca com os acadêmicos. Esse projeto foi desenvolvido para podermos trabalhar com os produtos da nossa região”, diz.
Às margens dos rios Taquari e Coxim, a cidade tem a pesca como uma das atividades econômicas. “Isso nos possibilitou explorar nas aulas práticas a produção de produtos de peixes da nossa região, como presuntos, empanados, hambúrguer e quibe”, explica o estudante.
Eder acrescenta que a experiência prática ampliou o aprendizado e fortaleceu o vínculo entre teoria e experimentação.
“O conhecimento científico na sua forma de aprendizado torna a disciplina mais leve e o conhecimento ainda mais rico. Temos laboratórios super equipados, e juntando a disposição dos professores com a dos alunos, só ganhamos. Estou ansioso para trocar ideias, conhecer novas propostas de ensino e produtos, tecnologias que ainda não vi. Quero aproveitar ao máximo”, comenta.
Game ‘Capivara Ninja’ desenvolvido em Dourados une cultura, história e ecologia pantaneiras – Foto: Propi/IFMS
Já estudantes do Campus Dourados apresentam o ‘Capivara Ninja’, jogo digital imersivo que une cultura, história e ecologia do pantanal sul-mato-grossense. Desenvolvido com ferramentas como Unity 3D e Blender, o game busca promover a valorização ambiental e cultural da região de forma lúdica.
Franclei Barnabé dos Santos, acadêmico do curso superior de tecnologia em Jogos Digitais, explica que o jogo busca despertar consciência ambiental e aproximar o público da realidade do Pantanal.
“O jogo tem o objetivo de conscientizar, de forma lúdica, seus jogadores dos problemas enfrentados pelo bioma do Pantanal, como caça predatória, tráfico de animais, desmatamento criminoso e incêndios, apresentando uma narrativa envolvente com desafios inspirados nesses problemas. Ele foi apresentado inicialmente em 2024 ao público-alvo, onde já obteve muitos feedbacks positivos”, conta o estudante.
O projeto é orientado pela professora Flávia Gonçalves Fernandes.
Demais temas – Os outros nove projetos apresentados pelo IFMS na 5ª Semana Nacional da EPT tratam de temas como inovação, sustentabilidade, inclusão e valorização de territórios.
Do Campus Jardim, dois projetos abordam sustentabilidade e ensino tecnológico. O primeiro, ‘Compostagem inteligente para redução de lixo orgânico residencial’, utiliza sensores e Arduino para automatizar o processo de compostagem e gerar biofertilizante, unindo biologia, ecologia e automação.
Já o segundo, ‘Implementação da Robótica no Ensino’, apresenta oficinas educativas com o robô SMARS, mostrando como a robótica pode ser uma ferramenta acessível e motivadora para estudantes dos anos iniciais.
No Campus Ponta Porã, o projeto ‘Robô Contador: Projetando um Robô Social para Contar Histórias e Ensinar’ foi desenvolvido em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do município. A iniciativa cria uma tecnologia assistiva de baixo custo que usa tablets e smartphones para contar histórias e expressar emoções, promovendo inclusão de pessoas com deficiência intelectual.
O Campus Nova Andradina participa do evento com dois projetos. O primeiro, ‘Desenvolvimento de um sistema de monitoramento remoto para avaliar a umidade da soja armazenada em silo bolsa’, busca melhorar a segurança no armazenamento do grão ao integrar sensores e sistemas web de monitoramento em tempo real.
Já o projeto ‘Horticultura Terapêutica: É Para Você?’ propõe o uso do cultivo de plantas como terapia complementar para usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), promovendo bem-estar, inclusão e saúde mental.
De Campo Grande, o IFMS apresenta o projeto ‘NEGRÓTICA: Negritude, Robótica e Educação Antirracista’, que conecta tecnologia e representatividade, propondo a robótica como instrumento de reflexão e enfrentamento ao racismo.
O campus da capital também levou para a Semana Nacional o ‘Dispositivo de quebra para o baru (Dipteryx alata)’, uma inovação voltada à agricultura familiar. O equipamento, desenvolvido para otimizar a extração da amêndoa do fruto, aumenta a produtividade e reduz o esforço físico dos trabalhadores.
O projeto ‘Entre a aura e o algoritmo: a dialética da reprodutibilidade e a experiência estética’, apresentado pelo Campus Três Lagoas, faz um paralelo entre as tecnologias de informação e comunicação atuais e um artigo de Walter Benjamin (1892 – 1940) escrito em 1936, no qual o filósofo reflete sobre as transformações e inovações técnicas e estéticas provocadas pela fotografia e pelo cinema.
Por fim, a Pró-Reitoria de Extensão (Proex) apresenta o projeto ‘Aplicação da cultura maker no monitoramento de horta em escola pública’, que une estudantes e professores em uma proposta prática de automação, sustentabilidade e aprendizado colaborativo, estimulando a integração entre escola e comunidade.