O Global Big Day 2025 reuniu entusiastas do birdwatching, obstinados a registrar o maior número de espécies possíveis vistas em um dia, em cerca de 196 países, neste mês. O Brasil atingiu um novo recorde em relação ao número de espécies observadas, segundo a plataforma eBird. O Mato Grosso do Sul adicionou 250 ou mais espécies à contagem.

O evento mundial é organizado pelo Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell, dos EUA. Neste ano, 900 mil pessoas fizeram 2,1 milhões de observações individuais. Em todo o mundo, quase oito mil espécies foram avistadas, sendo 1.263 no Brasil. Este número é referente a 64,1% do total de espécies que ocorrem no país de acordo com a última edição da Lista de Aves do Brasil.

Os participantes do GBD costumam se reunir em grupos. Em MS, eles se distribuíram em algumas cidades como Aquidauana, Campo Grande e Jateí, as quais ganharam destaque nos rankings que classificaram o primeiro, o segundo e o terceiro município com maior registro de espécies por estado brasileiro, respectivamente.

O biólogo, Gabriel Oliveira, conta que acordou às 3h dia 11 de outubro e, às 4h, saiu para campo com o seu grupo. Eles se mobilizaram em um hotspot de Aquidauana e, juntos, registraram 250 espécies de aves. Ele diz que encontra paz ao desacelerar, prestar atenção e observar um animal selvagem em liberdade. “Observar as aves é uma experiência de presença e encantamento […] Eu tenho um carinho especial pelas corujas, então rever a coruja-preta (Strix huhula) foi um dos pontos altos do evento. Mas também foi incrível reencontrar as aves migratórias que chegam nessa época, como os caboclinhos do gênero Sporophila, alguns deles ameaçados de extinção”.

O Brasil é o quinto país com maior número de participantes do evento, atrás dos Estados Unidos, Canadá, Colômbia e Austrália. A equipe nacional do eBird celebrou o recorde de participação em sua rede, pois houve “um aumento de mais de 30% em comparação ao número de observadores que participaram em maio.” 

Oliveira, que atua no setor do turismo de observação e fotografia de vida selvagem, acredita que, por meio do Global Big Day, seja possível mostrar ao mundo as riquezas e o potencial da nossa região. “É muito mais do que um evento, é uma grande celebração da biodiversidade. Ele ajuda a despertar o interesse de novas pessoas, incentiva a ciência cidadã e mostra que cada registro conta para a conservação. Quanto mais gente se conecta com a natureza, mais gente passa a se importar com ela”.

Por Maria Eduarda Metran