O gramado ruim do Estádio Germano Krüger e o calendário apertado do futebol brasileiro não podem ser as únicas justificativas para a atuação do Vasco no empate com o Operário em 1 a 1, em Ponta Grossa, nesta quinta-feira. No primeiro jogo após a demissão de Carille, a equipe foi comandada interinamente pelo diretor técnico Felipe e teve um dos piores jogos de 2025 — o que evidencia problemas que o clube tem dentro e fora de campo.
E, talvez, o menor dos culpados pela atuação fraca do Vasco seja o técnico interino, que teve apenas três sessões de treino antes da partida no Paraná. As atuações individuais dos jogadores foram muito ruins, de uma maneira geral, e somente Nuno Moreira se salvou na partida.
O empate contra o Operário tem diversos diagnósticos. O cansaço do time que vive uma sequência desgastante e o gramado em péssimas condições devem fazer parte da análise.
No entanto, não há como passar pelo jogo contra a equipe paranaense sem avaliar a pobre herança tática deixada por Carille e a falta de opções no banco de reservas do Vasco, que sofre com carências mesmo após mais uma janela da direção da gestão de Pedrinho, Felipe e Marcelo Sant’anna. O clube de São Januário precisará de mais do que apenas um novo técnico para ter um bom ano pela frente.
Gol de Nuno e recuo do Vasco
O Vasco fez 20 minutos aceitáveis contra o Operário. Felipe manteve a escalação do time que vinha jogando com Fábio Carille e fez poucas mudanças táticas. Hugo Moura era o volante mais preso e auxiliava a saída de bola dos zagueiros. Jair e Coutinho armavam o time por dentro, enquanto Nuno e Rayan se associavam por dentro também. Piton e Paulo Henrique estavam espetados nas laterais.
No entanto, o Vasco ainda tinha trejeitos de alguns jogos com Carille, forçando lançamentos para Vegetti e tendo dificuldades em pressionar a saída de bola do Operário. Mas nos 20 primeiros minutos, conseguiu fazer o que se esperava. Em duas escapadas pelo meio, o time chegou ao ataque. No primeiro, Rayan saiu cara a cara e finalizou em cima do goleiro. No segundo, Coutinho tentou passe por cima para Vegetti, e a bola sobrou para Nuno Moreira fazer um golaço e abrir o placar.
Depois do gol, Felipe pediu para o Vasco subir as linhas e seguir no campo de ataque, mas a equipe não correspondeu às expectativas do treinador. O time foi dominado pelo Operário, que no primeiro tempo não teve tantas chances claras, a não ser em jogada de Allano, na qual o árbitro Anderson Daronco anulou um pênalti ao ser recomendado pelo VAR.
Segundo tempo para se esquecer
Na volta do intervalo, a perna começou a pesar, e o jogo foi inteiro do Operário. O Vasco não conseguia ficar com a posse e oferecer perigo ao adversário. Com muitos erros técnicos, o time se desfazia da bola e era pressionado pelo Operário, que atacava muito pelos lados da defesa vascaína.
— A partir do momento que a gente fez o gol, a equipe, preocupada em se defender, parou de jogar. Isso acabou fazendo com que o adversário crescesse dentro da partida — analisou Felipe na coletiva.
E é neste momento que entra um problema crônico do Vasco. Os dois principais jogadores do time com bola no ataque são Nuno Moreira e Coutinho, mas ambos têm problemas físicos e não têm aguentado mais de 60 minutos intensos na temporada. O time tinha os dois armadores cansados e não havia força para chegar ao ataque.
Isso poderia ser solucionado com peças do banco de reservas, mas o Vasco sofre demais com a carência de opções no elenco. Loide Augusto e Alex Teixeira não mostraram nem perto do que os titulares ofereceram até aqui, e o time sempre cai de produção nas partes finais do segundo tempo das partidas.
O que vem pela frente?
Seja com Felipe à beira do campo, Fernando Diniz ou qualquer outro técnico, o Vasco terá alguns problemas que precisam ser corrigidos na janela do meio do ano. A contratação de um reserva útil para Philippe Coutinho é fundamental, uma vez que Payet não deve seguir no clube, e Alex Teixeira não tem apresentado nível para um time de Série A.
Outras posições também são carentes. Nas pontas, Nuno Moreira aparenta ser a única opção confiável, enquanto Adson não consegue ter sequência, David está fora, e Garré e Loide não demonstraram ainda um futebol que justificasse suas contratações.
Mas, com o que o Vasco tem à disposição, é preciso fazer mais. Um dos motivos da demissão de Carille foi a fragilidade defensiva do time. Com o elenco do clube de São Januário, o time precisa ser menos exposto para ter resultados melhores. Também precisa de outras alternativas que não sejam os cruzamentos para Vegetti na área, neutralizados pelo Operário nesta quinta-feira.
O próximo desafio já é no domingo, em uma prova de fogo contra o Palmeiras. O Vasco não ganha do clube paulista há 10 anos e não dá expectativas do torcedor de que o resultado será diferente desta vez.

