Wilson Aquino – Jornalista e Professor

No Brasil, o endividamento das famílias tem se tornado um problema grave e persistente. De acordo com dados recentes, mais de 77% das famílias brasileiras estão endividadas, enfrentando dificuldades para arcar com compromissos financeiros básicos. Esse alto índice de endividamento, em muitos casos, leva à inadimplência, causando estresse emocional, problemas de saúde e até mesmo rupturas familiares. Esse cenário torna evidente a necessidade de cautela ao lidar com o orçamento doméstico, especialmente em períodos de alta pressão consumista como agora, no final de ano.

A facilidade de acesso ao crédito e o apelo constante ao consumo fazem com que muitas pessoas sejam levadas a gastar mais do que podem. Promoções como o “Black Friday”, liquidações de final de ano e descontos em compras parceladas são estratégias eficazes do comércio para atrair consumidores, mas podem levar ao consumo impulsivo e desnecessário. Estudos indicam que, em média, os brasileiros gastam até 30% a mais do que o planejado em eventos como o “Black Friday”. A tentação de aproveitar essas ofertas, especialmente sem um planejamento adequado, resulta em um acúmulo de dívidas que muitos não conseguem honrar, criando um ciclo de endividamento cada vez mais difícil de controlar.

No começo de cada ano, novas despesas se acumulam, como IPTU, IPVA, matrícula escolar e materiais didáticos, pressionando ainda mais o orçamento familiar. Em 2024, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a inadimplência no início do ano subiu cerca de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa realidade evidencia que muitos brasileiros estão adiando compromissos financeiros importantes em função de gastos supérfluos realizados no final do ano, dificultando a organização do orçamento nos primeiros meses do ano e afetando outras áreas essenciais da vida.

O tema do endividamento familiar também possui uma perspectiva bíblica sobre prudência e gestão dos recursos. A Bíblia nos ensina em Provérbios 22:7 que “o rico domina sobre os pobres, e quem toma emprestado é escravo de quem empresta”. Esse princípio nos alerta sobre os perigos de se endividar e viver além dos próprios meios.

Em Lucas 14:28-30, Jesus conta uma parábola sobre um homem que deseja construir uma torre, ressaltando que ele primeiro deve calcular os custos para ver se tem condições de terminá-la. Assim, na vida financeira, é preciso primeiro refletir sobre os recursos disponíveis e os compromissos que se pode assumir. Esse ensinamento bíblico nos convida a analisar cuidadosamente nossas decisões financeiras, evitando que dívidas comprometam a harmonia familiar e resultem em dificuldades que poderiam ser evitadas com prudência.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensina princípios sólidos de autossuficiência e administração financeira como parte da vida espiritual e familiar. Uma das orientações fundamentais da Igreja é que os membros vivam dentro de seus meios, independentemente do nível de renda. O ideal é que as famílias nunca gastem mais do que 70% de sua renda, reservando o restante para poupança. Esse princípio está alinhado com a visão de uma vida previdente e regrada, promovendo a segurança e a paz dentro do lar.

O Élder Robert D. Hales, do Quórum dos Doze Apóstolos da igreja, enfatizou a importância de administrar as finanças com sabedoria. Ele declarou: “A verdadeira felicidade não está na acumulação de bens materiais, mas em viver uma vida de gratidão e serviço ao próximo. Evitar dívidas desnecessárias é essencial para alcançar essa paz.” O Élder Hales também aconselhou que poupar regularmente, ainda que sejam pequenas quantias, é um ato de fé e preparação para o futuro.

A Igreja também incentiva os membros a serem previdentes, planejando com antecedência suas necessidades. Esse conselho é especialmente importante em tempos de incerteza econômica, quando despesas inesperadas podem surgir. Um orçamento familiar bem elaborado, baseado nos princípios do evangelho, ajuda a evitar o endividamento e promove maior estabilidade e harmonia entre os membros da família.

Ao final, é preciso lembrar que a prosperidade verdadeira vem da paz e do equilíbrio na vida familiar e espiritual. Gastar com sabedoria e evitar dívidas são formas de honrar a família e preservar o bem-estar de todos. A prudência nas finanças, alinhada aos princípios bíblicos, permite que as famílias enfrentem os desafios financeiros com serenidade e segurança. Dessa forma, estaremos plantando uma semente de prosperidade e harmonia, não apenas para nós, mas também para as gerações futuras.

Por Da Redação

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