Em 13 de agosto, há 100 anos, nascia Helena Pereira da Silva Meirelles, cantora, compositora e violeira, símbolo da música sul-mato-grossense. A dama da viola foi o motivo principal da homenagem em sessão solene na noite desta terça-feira, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), com entrega da Medalha e Diploma de Honra ao Mérito a 28 musicistas que orgulham o Estado do Pantanal.
O evento foi proposto pelo deputado Caravina (PSDB), com honrarias instituídas pela Resolução 10/2024, de mesma autoria, destinadas às mulheres instrumentistas do Estado, nos mais variados segmentos musicais. “Justa homenagem a uma mulher autodidata, que levou o nome de Mato Grosso do Sul ao âmbito internacional. Semianalfabeta, que enfrentou grandes desafios e foi precursora, em um tempo de preconceitos, ela abriu espaços para as mulheres hoje estarem onde quiserem. A noite foi para homenagear seu centenário e as demais mulheres que desenvolvem a música, tem esse dom e engrandecem a nossa cultura estadual”, destacou o deputado Caravina.
Em nome da família de Helena Meirelles, Marcos Rocker, produtor cultural compôs a mesa e discursou. “Ela representa muito. Nós que cuidamos dos direitos autorais e fazemos essa interlocução com a sociedade em geral e a mídia, ficamos felizes, pois ela deixou esse legado que é digno da cultura pantaneira, paraguaia, boliviana e mostra o quanto é rica. Ela também é a prova de que não existe tempo ou ambiente para a arte acontecer. Logo cedo se encantou pela música e a família naquela época a reprimiu. Ela pegou seu violão por volta dos 13 anos, como contou em vida, e saiu para tocar nos bailes. Então ela rompeu com paradigmas. Dizia que iria fazer história e fez. Ficamos imensamente representados por essa homenagem”, afirmou.
Em nome das homenageadas, a multi-instrumentista Lenilde Ramos agradeceu a honraria. “É uma excelente iniciativa essa homenagem, ficamos lisongeadas, pois a Helena é uma figura que nos inspira e ensina a perseguir nossos sonhos, ter a coragem para lutar dentro da área da arte e lembrar que as mulheres têm muito talento. Em todas as áreas. Não só instrumentistas, mas também compositoras. A força da Helena mostra às mulheres que queiram seguir a carreira que não há barreiras, nem mesmo a idade. Eu mesma tenho 73 anos, estou ativa, viajo para tocar uma sanfona de 15 quilos, por isso até digo que sou um pouco herdeira dela, porque não conheço outra violeira dessa idade”, brincou.
Dentre as homenageadas, também estava Mary Lopes, que tocou na viola as músicas Mercedita e Chalana, no fechamento da solenidade. “Helena avançou no tempo e deu impulso para a mulher seguir e fazer o que gosta. É uma inspiração. Com cinco anos eu comecei a tocar. Meus pais gostavam muito de sertanejo e quando eu a vi ela foi uma mulher que me deu forças. Derrubei preconceitos de mim mesma, quebrando crenças limitantes”, considerou.
Também foram homenageadas: Alany Steiner, Alicia Viviana Mendez, Ana Cláudia Cassu Placido da Rocha, Ana Maria Schneider, Banda Sampri (Luciana de Lima Thomaz, Magally de Lima Thomaz, Renata de Lima Thomaz), Cieli Panzarini Galavea, Deise Paula Fremiot Maia, Julia Mendes Selles, Lara Fernanda Ferreira, Lavínia Cruz, Lilian Gudin, Luzia Marlene Sória, Maria da Glória Souza Ferreira, Marisete da Silva, Nilza Terezinha Rodrigues de Araújo, Paula Fregatto, Rosilene Areco, Rubia de Angelis, Thauanne Castro, Nayara Crystina Dal Pogetto Freire Thomaz, Leila Siqueira Nascimento, Danyelly Vicente Duarte, Ivi Rondon Clavijo, Janaina Ribeiro Pimenta e Viviane Nunes de Freitas Pigosso Ribeiro.
Thauanne, Lavínia, Namaria e Paula Fregato também se apresentaram durante a sessão solene. A noite de homenagens também contou com as presenças dos deputados Roberto Hashioka (União) e Paulo Duarte (PSB). No saguão da ALEMS uma exposição de fotos de Helena Meirelles foi montada para a memória da artista.