Silvio Andrade

Pensar o turismo dentro de uma visão de Estado, planejando ações de resultado a curto prazo com perspectivas de longo prazo; promover, fortalecer e diversificar os produtos regionais, trabalhando ao lado de um empresariado forte e unido. Estas e outras linhas básicas começam a ser implementadas pelo novo diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur-MS), turismólogo Bruno Wendling, 38 anos.

“Precisamos ter efetividade, esta é a lógica do governo”, afirmou ele. “Vamos focar muita nas ações promocionais, identificando quais são os mercados prioritários para o nosso turismo; pensar no desenvolvimento e gerar resultados. Temos pouco tempo, o recurso é escasso e tem que ser muito bem aplicado. Não podemos errar, pulverizar estas ações. Nosso planejamento será alinhado ao trade turístico, com o qual teremos um diálogo permanente.”

Este ordenamento das diretrizes do governo com o empresariado e também com a governança das regiões potencialmente turísticas do Estado, segundo Bruno Wendling, é indispensável para que a Fundtur desenvolva suas políticas de fomento atendendo aos anseios do setor, gerando e transformando ações concretas da gestão pública, onde uma das metas é a diversificação dos produtos turísticos. “Não se faz turismo sem o mercado”, observa.

Olhar de fora

Com 18 anos de experiência na área, Bruno Wendling é o primeiro turismólogo a assumir a Fundtur. Especialista em ecoturismo, planejamento e interpretação em áreas naturais pela Universidade Federal de Lavras-MG (UFLA), já trabalhou como técnico na fundação e foi consultor do Ministério do Turismo e do Instituto Marca Brasil (IMB). Também atuou na Barcelona Media Inovação Brasil, conceituada empresa de inovações e estratégias associadas ao turismo.

Depois de atuar nas três esferas públicas, ao longo de sua carreira, Bruno afirma que assume o cargo com um olhar de fora para dentro mais apurado e ampliado, conhecendo a realidade do turismo local. “Fiquei mais crítico, ampliei horizontes e capacidade de análise, ao mesmo tempo em que valorizei mais o que temos, e afirmo que nosso Estado tem diferenciais que nenhum outro estado tem, que são as belezas naturais e a cultura pantaneira”, completou.

O turismólogo considera fundamental os investimentos do governo estadual nos acessos rodoviários para integrar os polos turísticos, cuja logística, na sua avaliação, fomentará o turismo interno. “O governador (Reinaldo Azambuja) me disse que o sul-mato-grossense precisa conhecer seu Estado, isso é uma realidade de Brasil. Vamos trabalhar muito nisso, aproveitando a sazonalidade, a baixa temporada, criar o turismo de fim de semana”, propõe.

Marca do Estado

Uma das primeiras ações do presidente da Fundtur foi promover a participação de Mato Grosso do Sul na 21ª Feira Internacional de Turismo da Bolívia (FIT), que se encerrou neste domingo, em Santa Cruz de La Sierra, com a finalidade de divulgar e comercializar os destinos locais. O Estado participou do evento com 44 empresários das áreas de atrativos, equipamentos, agências e operadoras. A Bolívia é um dos maiores emissores do Estado.

“O posicionamento de mercado, focando naquilo que vamos promover, é uma das nossas linhas de ação”, adiantou Wendling. “Não apenas participar de feiras ou outro evento, mas ir lá e interagir com o público e ensinar as agências operadoras, seja dentro do Brasil, Bolívia, Estados Unidos, enfim, a vender Mato Grosso do Sul. Ainda temos muitas dificuldades por falta de uma identificação própria, tem muita gente que chega a Cuiabá e quer ir a Bonito.”

Dentro dessa estratégia, a Fundtur vai retomar a vinda de jornalistas nacionais e internacionais aos principais destinos, bem como agências de viagem, as quais serão preparadas para vender os produtos. O presidente da fundação disse que o Governo, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), trabalhará fortemente a marca turística do Estado para sustentar a identidade sul-mato-grossense.

Bonito e Pantanal

Bruno Wendling considera Mato Grosso do Sul um dos estados com mais particularidades no turismo, onde Bonito e Pantanal são a vitrine – “dois ícones inegáveis” -, e hoje se destaca pelo seu diferencial e um leque de atrativos, como pesca, aventura, compras, histórico, negócios e eventos em dez regiões, incluindo Campo Grande. Contudo, aponta que o Estado precisa se posicionar melhor em termos de mercados, potencializando sua imagem lá fora.

“Dividimos o Pantanal com Mato Grosso, mas somos mais competitivos pela organização das pousadas, e a região é nosso carro-chefe, ao lado de Bonito, atrativos que motivam o turista do mundo inteiro”, observa. Citou as demais rotas turísticas e suas potencialidades em ecoturismo, como Coxim e Costa Rica, a força de Três Lagoas em eventos de negócios, as praias de rios de Aparecida do Taboado e o comércio fronteiriço em Ponta Porã.

“O nosso diferencial é a diversificação de atrativos, mas é preciso que o mercado esteja atendo a isso, que tenhamos operação, agências receptivas para ofertar produtos. Não adianta a Governo promover os destinos, o turista chega e não temos quem opere. Vamos, enquanto poder público, apoiar e fomentar o turismo, mas quem opera é o mercado, por isso seremos parceiro do trade. É como um casamento. Vamos trabalhar muito a parte de operação”, pontuou.

Turismo de experiência

Para o presidente da Fundtur, o desafio não será de entregar apenas resultados e fortalecer a gestão em menos de dois anos, que começa com a reestruturação da fundação e um forte diálogo com o trade. Ele defende também a inovação de produtos e a consolidação das regiões turísticas, exceto as rotas de Bonito e Pantanal, que precisam existir de fato e, para isso, devem se fortalecer, se integrar, ter bons produtos e um mercado operando.

“Vamos focar também o chamado turismo de experiência, o Pantanal tem isso muito claro, podemos potencializar cada vez mais”, adiantou. “São atividades ofertadas ao turismo que podem gerar mais sentimento, mais emoção, a gente sempre tem experiências em nossas viagens. Bonito explora essa nova tendência com as suas águas, a flutuação é uma experiência fantástica. A gente quer levar isso ao Pantanal, resgatar as cavalgadas pantaneiras.”

Bruno Wendling informou que a pesquisa, por meio do Observatório do Turismo, será priorizada em sua gestão diluída para tomada de decisões estratégicas, cujo planejamento será definido em consonância com o trade. Ele adianta, como parte das diretrizes, uma ação mais pontual em Campo Grande, em parceria com a prefeitura, com uma proposta de valorizar o entorno da Capital, onde já se pratica o turismo de aventura, trilhas e caminhadas.

Por corumbaonline

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