O Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) firmou nessa quinta-feira, 9, um Protocolo de Intenções com o Ministério de Educação da Província de Jujuy, na Argentina, durante missão institucional realizada no contexto do VII Foro do Corredor Bioceânico de Capricórnio.

O documento estabelece um marco formal para o desenvolvimento de projetos conjuntos nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e cultura, ampliando as possibilidades de intercâmbio acadêmico com instituições sul-americanas e fortalecendo a estratégia de internacionalização do IFMS.

“A assinatura deste protocolo abre um leque de oportunidades para estudantes, docentes e técnicos, com possibilidades reais de mobilidade, projetos conjuntos e intercâmbio de experiências. É um passo decisivo para inserir o IFMS em redes internacionais de colaboração e fortalecer sua atuação no contexto do Corredor Bioceânico”, destaca o pró-reitor de Extensão do IFMS, Anderson Martins Corrêa.

Entre as ações previstas estão pesquisas interinstitucionais, intercâmbio de docentes, estudantes e técnicos, aulas espelho e atividades virtuais conjuntas, promoção de eventos científicos e culturais, além da criação de cursos e programas compartilhados em diferentes níveis de formação. Os detalhes serão definidos em planos de trabalho e termos aditivos, que estabelecerão metas, prazos, responsabilidades e recursos necessários.

O convênio terá vigência de cinco anos e no IFMS será coordenado pela Assessoria de Internacionalização (Asint). Não há transferência imediata de recursos; cada instituição buscará financiamento junto a agências de fomento para viabilizar as iniciativas. A parceria consolida a presença do Instituto Federal em redes acadêmicas internacionais.


Gestores do IFMS em encontro com dirigentes da área educacional de Jujuy, na Argetina – Foto: Ascom/IFMS

Reunião de Trabalho – A agenda incluiu ainda encontro com dirigentes da área educacional de Jujuy, entre eles Maria Eugenia Torramorel (Educação Técnica), Marcela Carolina Calvo (Educação Superior), Luis Bono (Agência de Ciência e Técnica) e Marta Amarilla (Junta Provincial de Qualificações).

A delegação do IFMS apresentou o perfil institucional e as áreas de atuação dos dez campi, destacando modalidades de ensino e eixos tecnológicos. Os representantes argentinos ressaltaram características locais, como a ausência de cursos de graduação nas escolas técnicas, o foco na formação técnica e docente e a falta de financiamento próprio para pesquisa.

Foram debatidas formas de cooperação imediata, como o uso da educação a distância para ampliar a formação inicial, sobretudo na área de tecnologia, e modelos híbridos para implementação de ações conjuntas. As demandas apresentadas por Jujuy incluem a formação de professores em Informática, Administração e Logística.

A assessora de Relações Internacionais do IFMS, Tania Sasaki, ressalta a importância de alinhar propostas às necessidades locais, citando experiências recentes de cooperação com docentes moçambicanos.

“Queremos construir um plano de ação concreto, com projetos interinstitucionais que articulem ensino, pesquisa e extensão de forma transversal”, planeja.

Diretores-gerais dos campi também participaram da reunião, contribuindo com sugestões de projetos integrados. Foi ressaltada a relevância de políticas de cooperação Sul–Sul para fortalecer o eixo Brasil-Argentina e avançar em programas de dupla diplomação e qualificação docente.


Estudantes de escola técnica apresentam um carro alegórico inspirado no carnaval brasileiro – Foto: Ascom/IFMS

Visitas Técnicas – A comitiva visitou a Escola Técnica Provincial General Aristóbulo Vargas Belmonte, instituição pública com cerca de 750 estudantes e formação técnica em Informática com duração de seis anos. A escola combina ensino básico com aulas técnicas no contraturno, incluindo atividades práticas.

Durante a visita, estudantes apresentaram um carro alegórico inspirado no carnaval brasileiro, desenvolvido integralmente como parte da formação profissionalizante – da concepção estética à montagem dos sistemas mecânicos. A ideia foi mostrar como se aliam formação prática e teoria.

Para o diretor-geral do Campus Ponta Porã, Izidro de Lima Jr., a experiência foi enriquecedora. “É fundamental compreender os diferentes contextos educacionais ao longo do Corredor Bioceânico, para que as futuras parcerias sejam realistas e integradoras”, avalia.

A delegação também esteve no Instituto de Educación Superior nº 11, voltado exclusivamente à formação técnica de nível superior. A instituição possui 2,5 mil estudantes e 200 docentes.

Durante a visita, a delegação participou de uma chamada de vídeo com a reitora do IFMS, Elaine Cassiano, que ressaltou o potencial de articulação entre universidades e institutos ao longo do Corredor Bioceânico.

“Há grande potencial para desenvolver projetos conjuntos, compartilhar conhecimento e criar oportunidades reais de internacionalização para nossos estudantes e servidores”, afirmou a reitora durante a chamada.

Participação no VII Foro – Desde quarta-feira, 8, a delegação do IFMS tem participado de painéis técnicos, rodadas de cooperação e reuniões com universidades argentinas, além de visitas a instituições de educação técnica e tecnológica. A agenda incluiu encontros com a ministra da Educação de Jujuy, Miriam Serrano, dirigentes da Universidade Católica de Santiago del Estero (UCSE) e da Universidade Nacional de Jujuy.

Antes da abertura oficial do evento, ocasião em que foi lançado o Plano Diretor Regional de Integração e Desenvolvimento, representantes do IFMS participaram do Pré-Foro Acadêmico, promovido pela UniRila (Associação de Universidades da Rota de Integração Latino-Americana), com apresentações de pesquisas e projetos relacionados ao Corredor Bioceânico.

O IFMS integrou também os seguintes grupos de trabalho temáticos:

  • Obras Públicas, Logística e Transporte
  • Comércio e Procedimentos de Fronteira
  • Academia e Educação
  • Saúde e Sustentabilidade
  • Turismo e Cultura

Integração Regional – A participação no VII Foro integra a Missão Internacional Brasil-Argentina para Fortalecimento da Cooperação Acadêmica, Técnica e Cultural, a fim de ampliar intercâmbios, identificar oportunidades de projetos conjuntos e consolidar mecanismos permanentes de colaboração entre instituições dos dois países.

O Corredor Bioceânico de Capricórnio conecta o Centro-Oeste brasileiro ao norte do Chile, passando por Paraguai e Argentina, unindo os oceanos Atlântico (Porto de Santos) e Pacífico (portos chilenos). Com cerca de 2.500 quilômetros, envolve quatro países e oito territórios subnacionais, com o objetivo de reduzir custos logísticos, aumentar a competitividade comercial e atrair investimentos para regiões historicamente afastadas dos grandes fluxos econômicos.

Realizado desde 2022, o Foro consolidou-se como principal espaço de articulação política, técnica e acadêmica entre os territórios participantes. Em fevereiro deste ano, Campo Grande sediou o evento pela segunda vez, reafirmando o protagonismo de Mato Grosso do Sul na construção desse corredor de desenvolvimento sustentável.

Por Assessoria de Comunicação