Wilson Aquino – Jornalista e Professor
Nem sempre as chuvas chegam no momento exato em que mais precisamos. Pois, assim como as bênçãos de Deus, elas vêm quando o Senhor deseja, e não necessariamente quando queremos ou necessitamos. As chuvas têm o poder de aplacar o calor, extinguir as queimadas, renovar o ar e a terra, e fazer germinar as sementes que os ventos de agosto espalharam para gerar frutos. Neste exato momento, estamos vivenciando sua tímida chegada, porém abençoada, após um longo período em que o país arde em chamas, especialmente a Amazônia e o Pantanal, onde milhares de animais já foram dizimados. Esse comentário nos conduz a duas importantes reflexões.
A primeira é sobre o nosso comportamento como seres humanos — tanto do setor público quanto privado, e da comunidade em geral — diante da natureza que exploramos para o nosso sustento e bem-estar. O que estamos fazendo em troca do que recebemos? Será que buscamos manter um convívio equilibrado com a natureza? Se a ciência nos alerta constantemente sobre as consequências de nossas ações (agressivas)no meio ambiente, por que ainda não adotamos medidas suficientes para evitar os desastres anunciados como esse das queimadas, deslizamento de terra, enchentes e tantos outros?
A segunda lição, igualmente crucial, é espiritual: assim como a chuva, a resposta de Deus às nossas preces nem sempre chega no momento que julgamos necessário. Às vezes, nos ajoelhamos em oração, pedindo auxílio ou até mesmo um milagre, mas o socorro não vem na hora que esperamos — e, em muitos casos, nem vem, pois tudo está nas mãos de Deus, inclusive o tempo. Ele sabe quando e como agir.
É fundamental que aprendamos isso! O milagre nem sempre ocorre e quando acontece não é no nosso tempo, mas no tempo de Deus. E é exatamente aí que entra a fé. Precisamos confiar inabalavelmente Naquele que controla todas as coisas. Mesmo quando enfrentamos as maiores dificuldades, quando o sofrimento atinge a nós ou aos nossos entes queridos, não devemos perder a fé, nem questionar o amor de Deus. Ele nunca nos esquece e nos conhece pelo nome.
Lembremo-nos de Jó. Ele perdeu tudo: filhos, família, riquezas, saúde. Mesmo assim, não se voltou contra o Senhor. Pelo contrário, manteve sua fé e disse que veio ao mundo sem nada e que voltaria da mesma forma. Essa é a essência da vida: carregar nossos fardos com alegria, por mais pesados que sejam, e confiar que o Senhor sabe o que é melhor para o nosso crescimento espiritual. Esse é o tipo de crescimento que realmente importa.
Jó, depois de tudo que sofreu, foi recompensado em dobro por sua fé. A história dele e de tantos outros exemplos bíblicos nos ensinam que, se permanecermos fiéis a Deus, independentemente das circunstâncias, seremos merecedores de Sua glória.
Assim como devemos refletir sobre nossas ações em relação ao meio ambiente — poluindo rios, desmatando florestas e explorando os recursos naturais de maneira irresponsável —, também devemos nos perguntar sobre o nosso crescimento espiritual. O que estou fazendo para me aproximar de Deus? Tenho seguido Seus mandamentos? Tenho amado o meu próximo, inclusive aqueles que me ferem? Tenho sido grato pela vida?
Essas perguntas são essenciais para avaliarmos nosso relacionamento com o Senhor. E assim como a chuva, as bênçãos de Deus sempre chegam — no tempo Dele, e não no nosso.
Portanto, devemos lembrar que a vontade de Deus é soberana e Seu tempo é perfeito. Em Isaías 55:8-9, o Senhor nos diz: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.”
Além disso, como o apóstolo Paulo nos ensina em Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Esse versículo nos dá a segurança de que, mesmo nos momentos de dor ou incerteza, Deus está orquestrando tudo para nos fortalecer e guiar em Seu propósito.
Finalmente, somos convidados a praticar a paciência e a perseverança. Em Tiago 1:3-4 lemos: “Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.” Assim como a chuva chega no momento certo para renovar a terra, a providência de Deus sempre chega para renovar nossas vidas, no tempo e à maneira Dele. Com fé e paciência, seremos fortalecidos e guiados rumo à plenitude espiritual que Ele deseja para todos nós.