Polícia Federal (PF), em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou nesta terça-feira (29) a Operação Korban, que apura desvios de cerca de R$ 15 milhões em recursos públicos destinados à realização de eventos estudantis de esportes digitais entre 2023 e 2024.

As verbas investigadas foram repassadas à Associação Moriá, sediada no Distrito Federal, por meio de termos de fomento com o Ministério do Esporte e financiadas por emendas parlamentares. Segundo a PF, os repasses seriam usados para promover campeonatos com jogos como Free Fire, Valorant, LoL, Teamfight Tactics e eFootball.

A operação cumpre 17 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal e nos estados do Acre, Goiás e Paraná. As ordens foram dirigidas à sede da associação, a dirigentes, empresas subcontratadas e seus respectivos sócios.

As investigações identificaram três modalidades principais de fraude: direcionamento nas subcontratações com vínculos cruzados entre as empresas, montagem de cotações simuladas e indícios de empresas de fachada, que não possuem sede adequada, equipe funcional nem histórico de serviços prestados.

De acordo com a CGU, uma parte significativa dos recursos foi usada em festas de abertura e encerramento, representando cerca de 40% do valor total. Além disso, aluguéis de computadores foram registrados com valores até 11 vezes acima do preço de mercado. Em apenas dois convênios, foram constatados gastos evitáveis de R$ 1,7 milhão.

A Associação Moriá, que começou com atuação em Anápolis (GO), recebeu mais de R$ 90 milhões em 26 emendas parlamentares nos últimos três anos, para projetos que vão de torneios de games a ações de saúde animal. Nenhum parlamentar é alvo das medidas.

Entre as ações determinadas pelo STF estão o sequestro de bens, como imóveis e veículos, e o bloqueio de contas bancárias de empresas investigadas, com valor total que pode chegar a R$ 25 milhões. Também foi ordenada a suspensão de novos repasses federais à associação e a proibição de repasses a empresas subcontratadas.

A PF estima um prejuízo de R$ 13,2 milhões aos cofres públicos, equivalente a mais de 80% do orçamento inicialmente previsto para os projetos. As investigações seguem em curso.

Por TV CULTURA