Ex-governador de Mato Grosso do Sul entre os anos de 2007 e 2014, André Puccinelli (PMDB) está impedido de sair de Campo Grande ou ter qualquer tipo de contato com os investigados, segundo ordem da 3ª Vara Criminal Federal da Capital, que determinou quais medidas devem ser seguidas junto ao uso da tornozeleira. O aparelho de monitoramento foi colocado em Puccinelli nesta quinta-feira (11).
A ordem da Vara, que é especializada em Crimes de Lavagem de Dinheiro e contra o Sistema Financeiro Nacional, é para que o ex-governador não saia de casa entre as 21h e 6h e que também não retire o objeto, sob pena de ser preso. Não há, na ordem, previsão de retirada do aparelho.
“Não estou entendendo essa história da fiança de um R$ 1 milhão se ele não está preso”, declarou o advogado Renê Siufi, que foi buscar o cliente e revelou que o levaria para casa.
A residência em questão é o apartamento de Puccinelli localizado no Edifício Champs Élysées, rua Euclídes da Cunha, no Jardim dos Estados, onde os policiais federais foram busca-lo para depor coercitivamente antes das 6hs da manhã desta quinta-feira (11).
Ao sair da unidade da Agepen André não respondeu perguntas e limitou-se a desejar um ‘tenham um bom dia e uma boa tarde’.
Além da condução coercitiva do ex-governador, de seu filho, o advogado André Puccinelli Júnior, a 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, denominada Máquinas de Lama, culminou com a prisão do ex-secretário adjunto de Fazenda de Mato Grosso do Sul, André Cance Júnior, o dono da Gráfica Alvorada, Mirched Jafar Júnior, e de Mauro Cavalli, suposto laranja do peemedebista.
Operação Máquinas de Lama
Além de Campo Grande, 270 agentes da PF, CGU e RF estão nas cidades de Nioaque, Porto Murtinho e Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, São Paulo (SP) e Curitiba (PR), são alvos dos Operação que cumpre três mandados de prisão preventiva, nove de condução coercitiva, 32 de busca e apreensão além do sequestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas.
A investigação tem como objetivo desbaratar Organização Criminosa que desviou recursos públicos por meio do direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrupção de agentes públicos. Os recursos desviados passaram por processos de ocultação da origem, resultando na configuração do delito de lavagem de dinheiro.
Esta nova fase da investigação decorre da análise dos materiais apreendidos em fases anteriores, cotejados com fiscalizações, exames periciais e diligências investigativas, as quais permitiram aprofundar o conhecimento nas práticas delituosas da Organização Criminosa. Restaram ratificadas as provas de desvios e superfaturamentos em obras públicas, com o direcionamento de licitações e o uso de documentos ideologicamente falsos a justificar a continuidade e o aditamento de contratos, com a conivência de servidores públicos. Os valores repassados a título de propina eram justificados, principalmente, com o aluguel de máquinas. As investigações demonstraram que estas negociações eram, em sua maioria, fictícias, com o único propósito de aparentar uma origem lícita aos recursos financeiros.
Detectaram-se também novas motivações para o pagamento de propinas aos servidores públicos e a consequente tentativa de lavagem de dinheiro, dentre os quais a obtenção de benefícios e isenções fiscais. Entende-se que os prejuízos causados pela Organização Criminosa ao erário, levando-se em consideração os sobrepreços e desvios em obras públicas e as propinas pagas a integrantes da Organização Criminosa tem um valor aproximado de R$ 150 milhões.