O Governo do Brasil vai garantir o acesso à mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS) a mulheres de 40 a 49 anos, mesmo que elas não apresentem sinais ou sintomas de câncer. Essa faixa etária concentra 23% dos casos da doença e a detecção precoce aumenta as chances de cura. A medida integra um conjunto de ações anunciadas nesta terça-feira, 23 de setembro, pelo ministro Alexandre Padilha (Saúde).
Os anúncios são voltados à melhoria do diagnóstico e assistência, com início do atendimento móvel em 22 estados pelo programa Agora Tem Especialistas e a oferta de medicamentos mais modernos. A recomendação para as mulheres a partir dos 40 anos é que o exame seja feito sob demanda, em decisão com o profissional de saúde.
A paciente deve ser orientada sobre os benefícios e desvantagens de fazer o rastreamento. Mulheres nesta idade tinham dificuldade com o exame na rede pública de saúde em função da avaliação de histórico familiar ou necessidade de já apresentar sintomas. Apesar disso, as mamografias no SUS em pacientes com menos de 50 anos representam 30% do total, equivalente a mais de 1 milhão em 2024.
“Garantir a mamografia a partir dos 40 anos no SUS é uma decisão histórica. Estamos ampliando o acesso ao diagnóstico precoce em uma faixa etária que concentra quase um quarto dos casos de câncer de mama. Enquanto alguns países erguem barreiras e restringem direitos, o Brasil dá o exemplo ao priorizar a saúde das mulheres e fortalecer o sistema público”, afirmou o ministro Alexandre Padilha.
Outra medida é a ampliação da faixa etária para rastreamento ativo, quando a mamografia deve ser solicitada de forma preventiva a cada dois anos. A idade limite, que até então era de 69 anos, passará a ser de até 74 anos. Quase 60% dos casos da doença estão concentrados dos 50 aos 74 anos e o envelhecimento é um fator de risco.
PRÁTICAS INTERNACIONAIS — A ampliação do acesso à mamografia aproxima o Brasil de práticas internacionais, como as adotadas na Austrália, e reforça o compromisso em garantir diagnóstico precoce e cuidado integral às mulheres brasileiras. O câncer de mama é o mais comum e o que mais mata mulheres, com 37 mil casos por ano.
AMPLA COBERTURA — Em 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou aproximadamente 4 milhões de mamografias para rastreamento e 376,7 mil exames diagnósticos. Esses números refletem a manutenção de uma ampla cobertura no país, reforçando a importância do rastreamento e do diagnóstico precoce para salvar vidas e garantir mais qualidade na atenção à saúde das mulheres.
AGORA TEM ESPECIALISTAS — No mês de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, em outubro, o Ministério da Saúde fará uma grande mobilização, com a oferta de 27 carretas de saúde da mulher em 22 estados. A ação integra o programa Agora Tem Especialistas, voltado à expansão do acesso a consultas, exames e cirurgias para redução do tempo de espera no SUS.
UNIDADES MÓVEIS — As unidades móveis vão oferecer uma ampla gama de serviços para diagnóstico precoce de câncer de mama e de colo do útero, incluindo mamografia, ultrassonografia, punção e biópsia de mama, colposcopia e consultas médicas presenciais e por telemedicina. A expectativa é alcançar até 120 mil atendimentos ao longo do mês, com investimento de R$ 18 milhões.
EQUIPAMENTOS — Outra iniciativa é a aquisição de 60 kits de biópsia, com investimento de R$ 120 milhões, por meio do novo edital do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica. Cada kit conta com uma mesa de biópsia estereotáxica em decúbito ventral e um equipamento de Raio-X especializado. Os equipamentos usam tecnologia de imagem 2D e 3D, garantindo maior precisão diagnóstica e reduzindo a necessidade de repetição de procedimentos. Pelo Agora Tem Especialistas, já foram entregues 11 aceleradores lineares em quatro estados. A expectativa é entregar 121 até o fim de 2026.
MEDICAMENTOS — A partir de outubro, o SUS vai oferecer novos medicamentos para o tratamento do câncer de mama. Um deles é o trastuzumabe entansina, indicado para mulheres com câncer de mama que ainda apresentam sinais da doença mesmo após a primeira fase do tratamento com quimioterapia antes da cirurgia. O outro grupo são os inibidores de ciclinas (abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe), recomendados para pacientes com câncer de mama avançado ou metastático, quando a doença já se espalhou para outras partes do corpo, e que têm receptor hormonal positivo e negativo.
“Estamos incorporando medicamentos de última geração ao SUS, com negociações que garantiram até 50% de desconto. Isso significa que milhares de mulheres terão acesso a terapias modernas, que em outros países só chegam a quem pode pagar. Essa é a diferença de um sistema universal: aqui, saúde é direito e não privilégio”, disse Padilha.
