Wilson Aquino – Jornalista e Professor
Após atravessar um ano repleto de desafios imprevistos e complexos, uma constante nos últimos tempos, incluindo a agitação política, desafios econômicos e significativas mudanças sociais, os brasileiros encaram o fim do ano como um marco crucial. É um período em que nos deparamos com uma mistura de sentimentos: a frustração por não alcançar metas estabelecidas e o desejo intrínseco de corrigir equívocos e falhas ao longo da jornada.
É notável como este período final desperta um peso na consciência, gerando um pesar por aquilo que não alcançamos e um impulso inconsciente para buscar redenção por nossos erros.
A pressão resultante dessa carga não realizada é tão intensa que muitos se veem imersos em estados de melancolia e até mesmo depressão. É como se esse peso se acumulasse sobre os ombros, dificultando a respiração e obscurecendo a visão do horizonte promissor que deveria vir com o novo ano.
É a faculdade não concluída; A casa própria não materializada; A mudança para um emprego melhor que não aconteceu; O casamento que não se realizou e tantos outros projetos de melhorias de vida que ficaram somente no campo da imaginação.
Esse peso emocional se torna ainda maior ao pensar em replanejar tudo novamente e estabelecê-lo como meta para o ano seguinte. É um sentimento de atraso na vida, uma sensação de incapacidade que a maioria experimenta ao fazer o balanço de final de ano que a consciência inevitavelmente provoca.
Quanto aos relacionamentos desfeitos por motivos fúteis ou ações impensadas que abalaram laços, é doloroso perceber como situações insignificantes podem romper vínculos preciosos. A incapacidade de reconciliação, muitas vezes devido ao orgulho ou mal-entendidos persistentes, deixa corações magoados e afastados por longos períodos.
Quantas vezes nos esquivamos do perdão, do simples ato de humildade para liberar o peso do ressentimento? Esse orgulho, que nos distancia do caminho do perdão, nos impede de seguir os ensinamentos de compaixão e misericórdia, tal qual exemplificado por Jesus Cristo, que nos instiga a perdoar “setenta vezes sete” todos aqueles que nos feriram.
Perdoar não é apenas uma virtude, mas um mandamento essencial ensinado pelo Salvador. Não se trata apenas de absolver o outro de uma dívida, mas também de libertar a si mesmo do peso do ressentimento e do sofrimento contínuo.
O perdão é uma jornada interior, um processo contínuo de cura e crescimento espiritual. Seguir o exemplo de Jesus Cristo, que ensinou a perdoar incondicionalmente, é fundamental para encontrar paz interior e harmonia nas relações interpessoais. Perdoar não significa esquecer o que aconteceu, mas escolher deixar de lado o peso emocional, permitindo que a cura ocorra.
Apesar da atmosfera festiva do período natalino, muitas vezes somos confrontados com nossas próprias falhas. É como se o espelho dessa época refletisse não apenas a alegria, mas também a autocrítica de nossa jornada.
No entanto, o Divino nos concede a dádiva da reflexão, possibilitando ajustes de rota e a busca por melhores conquistas no âmbito profissional, social e familiar. Sempre há tempo para mudar, reavaliar nossas atitudes e abrir espaço para o perdão, proporcionando assim um recomeço em direção a um novo horizonte.
O Plano de Deus para todos nós contempla nossos fracassos na busca pelo crescimento (pessoal, profissional e familiar) bem como o arrependimento por atos e ações cometidos em relação ao nosso próximo. O Senhor nos conforta e nos ampara nos momentos difíceis, ao mesmo tempo em que nos enche de esperança e força para continuar o caminho. Tudo o que precisamos fazer é seguir em frente, confiar Nele e agir conforme os ensinamentos de Jesus Cristo.
Que este período de reflexão nos encoraje a perdoar, reconciliar laços e a seguir adiante com otimismo e leveza no coração, preparando-nos para abraçar um novo ano com esperança e realização.