“Temos uma atividade que, de fato, traz retorno para o apicultor”. A fala é de Gustavo Bijos, presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de MS (FEAMS) sobre a apicultura em Mato Grosso do Sul – tema de sua palestra no II Seminário de Apicultura do Cerrado, realizado de 30 a 31 de março em Bonito (MS). Apoiada pelo trabalho de instituições como a Federação, a Embrapa Pantanal e a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), a atividade ganha espaço no estado que registra a maior produção de mel por colmeia/ano do País: 34 kg a mais que a média nacional de 18 kg, segundo Bijos.
“A apicultura era tida como terceira ou quarta atividade nas propriedades rurais, trabalhada apenas nos finais de semana. Hoje, a nossa tendência é ampliar a produção. Conheço apicultores que passaram de 30 para 300 colmeias”, afirma. Para o presidente, os maiores gastos de quem pretende trabalhar na área acontecem no início (com a compra de máquinas e equipamentos) e durante o transporte dos produtos, mas a atividade compensa. “Vendendo o quilo do mel a um valor mínimo de R$ 8 e produzindo de 45 a 50 kg por colmeia/ano, os investimentos são pagos depois de dois a três anos. Se a produção for maior, esse tempo diminui”.
Com a grande procura por produtos apícolas, a previsão é que a demanda do mercado triplique até 2025, segundo o presidente. “A gente teria que quadruplicar a produção só para atender ao estado”. Ele ressalta que os produtores da região pantaneira têm, ainda, a possibilidade de trabalhar com a Indicação Geográfica (IG) do Mel do Pantanal, um selo que pode agregar valor aos produtos certificados no futuro. “A IG oferece uma alternativa às propriedades pantaneiras para que elas possam, através do trabalho com as abelhas, receber uma renda que incentive a ampliação a apicultura na região e, consequentemente, a proteção do Pantanal – já que, para produzir, precisamos das matas conservadas e água de boa qualidade”.
Formalização da atividade
Para Bijos, o uso de práticas de manejo de alta produtividade é sinal da profissionalização da apicultura no estado. Entre elas estão a troca anual de rainhas, o uso de alimentação artificial (quando necessário) e o controle de espaços internos. “A troca de rainhas tem que ser feita porque elas ficam desgastadas depois de um ano de trabalhos intensos. A alimentação artificial é usada quando as floradas terminam – precisamos manter o enxame vivo e fazê-lo crescer para entrar bem na safra. Já a adequação acontece quando o enxame está muito grande e precisa de espaço. A gente coloca mais equipamentos (as melgueiras) e, quando elas não são mais necessárias, nós as retiramos para manter o enxame do tamanho adequado para passar aqueles períodos sem florada”.
Além da profissionalização, outro fator que contribui para formalizar a atividade em MS é o estabelecimento da inscrição estadual para produtores rurais apicultores/meliponicultores, que deve ser finalizada ainda este ano. De acordo com o presidente da FEAMS, a inscrição deverá permitir a emissão de notas fiscais e facilitar financiamentos. “Os apiários que passam pelo controle sanitário do Iagro serão georreferenciados e nós já estamos com quase 100% dos apicultores cadastrados”, afirma. “É um passo a favor de quem quiser implantar a rastreabilidade da produção, por exemplo, e de podermos contribuir legalmente com o estado. A inscrição oferece grandes benefícios para o consumidor”.