Wilson Aquino – Jornalista e Professor
Desde tempos imemoriais, a humanidade tem sido aconselhada a buscar sua própria sustentação e a alcançar a autossuficiência. No entanto, em meio às incessantes flutuações econômicas que assolam não apenas o Brasil, mas o mundo todo, alcançar esse estado se torna um desafio monumental. É precisamente diante dessas dificuldades que a autossuficiência se revela crucial. Ela não é apenas um ideal distante, mas uma necessidade premente para minimizar os impactos das crises. Aqueles que aprenderam a controlar seus gastos, evitando o consumo impulsivo e aquisições supérfluas, estão melhores preparados para enfrentar tempos difíceis.
No Brasil, o consumismo desenfreado se tornou uma questão cultural alarmante. As pessoas se endividam facilmente, vivendo além de seus meios e lutando com dificuldade para administrar suas finanças de forma responsável. O conceito de autossuficiência, entretanto, vai além do aspecto financeiro. Ele também abarca a espiritualidade, ensinando que indivíduos equilibrados e conscientes dos princípios que regem suas vidas material e espiritual vivem de maneira mais segura e feliz, mesmo em meio às piores crises.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias destaca a importância desse equilíbrio. Ela insiste no trabalho da autossuficiência como uma meta vital para seus membros. Essa abordagem destaca que a verdadeira assistência é aquela que capacita as pessoas a se tornarem autossuficientes, promovendo sua liberdade.
O Élder Albert E. Bowen, membro respeitado dessa instituição, salienta que a verdadeira assistência não cria dependência permanente, mas capacita as pessoas a ajudarem a si mesmas, promovendo sua liberdade.
Infelizmente, a política assistencialista do governo brasileiro muitas vezes perpetua a dependência. Muitos programas, apesar de suas intenções nobres, acabam por aprisionar os beneficiários em um ciclo interminável de necessidade. É como a triste história das gaivotas em St. Augustine: acostumadas a receber migalhas dos barcos de pesca, essas aves perderam a habilidade de pescar por si mesmas quando os barcos desapareceram.
É importante diferenciar essa abordagem da política governamental, especialmente no contexto brasileiro, onde o assistencialismo muitas vezes se torna uma armadilha. Muitos programas sociais, apesar de seu objetivo nobre de aliviar o sofrimento imediato, podem resultar em dependência a longo prazo. Alguns grupos políticos usam o assistencialismo como uma ferramenta para manter eleitores sob seu controle.
Assim como o velho adágio que diz “ensinar o indivíduo a pescar em vez de simplesmente dar o peixe,” a ênfase deve ser na capacitação das pessoas para que possam assumir o controle de suas próprias vidas, prosperar e contribuir para a sociedade. É importante entender que a ajuda deve ser um trampolim para a autossuficiência, não um grilhão que perpetua a dependência.
Portanto, é imperativo que repensemos nossas abordagens assistenciais. Em vez de criar laços de dependência, devemos criar meios para o progresso pessoal e coletivo. Ao promover a autossuficiência material e espiritual, não apenas estamos fortalecendo indivíduos, mas também construindo uma sociedade mais resiliente e justa. É somente através do empoderamento e do apoio mútuo que podemos verdadeiramente superar as crises e criar um futuro mais promissor para todos.
A Bíblia oferece inúmeros ensinamentos sobre a importância da autossuficiência e do trabalho árduo como princípios fundamentais. Em 2 Tessalonicenses 3:10, por exemplo, está escrito: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.”
Além disso, Provérbios 6:6-8 nos orienta: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento”. Essas palavras destacam a necessidade da preparação, do esforço constante e da prudência, encorajando os indivíduos a serem autossuficientes e a se prepararem para o futuro.