Wilson Aquino – Jornalista e Professor
O papel dos pais é de vital importância no lar para evitar o suicídio, que tem aumentado assustadoramente inclusive entre crianças, jovens e adolescentes, no Brasil e no mundo onde uma morte ocorre a cada 40 segundos, principalmente entre pessoas de 15 a 24 anos. O diálogo sobre o assunto em família é indispensável para conter esses números.
Becca Wright, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, faz uma analogia perfeita sobre a importância de conversar abertamente em família sobre esse problema real da sociedade: “A vida familiar é como uma viagem de ‘rafting’ em águas cheias de correntezas. Enquanto as famílias vestem coletes salva-vidas e capacetes, os pais são como os guias do rio que já passaram por esse caminho. As crianças precisam de nós para alertá-las sobre fortes correntes ou rochas à frente. Se mais adiante no rio, houvesse uma cachoeira devastadora, será que advertiríamos nossos filhos a respeito dela? Será que iríamos instruí-los a remar e aonde ir para desviar a rota ou esperaríamos até que eles estivessem caindo do penhasco para alertá-los?”, comparou Becca.
A resposta óbvia é que é muito melhor prevenir. Instruir e preparar nossas crianças, jovens e adolescentes sobre o perigo das rochas e as traiçoeiras correntezas da vida. Dessa forma, sofrerão menos impacto quando se depararem com as adversidades. Daí a importância de serem bem nutridos sabiamente, com muito amor e espiritualidade para que cresçam fortalecidos para não sucumbir às tempestades.
Alicerçar espiritualmente pessoal e coletivamente a família também é indispensável para que a depressão, que muitas vezes leva ao suicídio, ou à sua tentativa, não se instale entre seus membros. Não é uma regra, mas todo indivíduo e família que vivem os princípios cristãos, em obediência aos ensinamentos e mandamentos de Jesus Cristo, têm maiores chances de se sobressaírem às dificuldades impostas pela vida.
A prevenção do suicídio começa com a quebra do tabu em torno do tema. Muitos pais sentem-se desconfortáveis ou despreparados para abordar assuntos tão sensíveis. No entanto, a abertura para discutir essas questões, de forma honesta e respeitosa, é essencial. Não se trata apenas de falar sobre os riscos, mas também de ouvir atentamente, oferecer suporte e mostrar que há caminhos alternativos diante das dificuldades.
Criar um ambiente familiar no qual sentimentos podem ser expressos abertamente é crucial. Quando os pais cultivam um espaço de diálogo aberto, as crianças e adolescentes sentem-se seguras para compartilhar suas incertezas e medos. Isso permite que os adultos ofereçam a orientação e o apoio necessários para que os jovens enfrentem desafios psicológicos com maior resiliência.
Além disso, é importante que os pais estejam informados e atualizados sobre os sinais de alerta de depressão e comportamento suicida. Conhecer esses sinais pode capacitar os pais a agir de maneira proativa, buscando ajuda profissional quando necessário, antes que a situação se agrave.
Encorajar os filhos a desenvolver uma rede de apoio social sólida, tanto dentro quanto fora do ambiente familiar, é outro aspecto vital. Amigos, professores e mentores podem desempenhar papéis importantes no suporte emocional dos jovens, complementando o trabalho dos pais.
A incorporação da espiritualidade em seu cotidiano, especialmente em contextos familiares, tem o poder de criar um escudo protetor contra as adversidades emocionais e psicológicas que podem levar ao suicídio. É crucial que reforcemos nos lares a presença divina, promovendo uma cultura de cuidado, esperança e valorização da vida, conforme ensinado nas Sagradas Escrituras. Textos como os encontrados em Salmos e Isaías não são apenas consoladores, mas também fontes de força e coragem, lembrando-nos constantemente de que não estamos sozinhos em nossas lutas. A prática de compartilhar essas passagens bíblicas em família pode fortalecer os laços e oferecer um senso de comunidade e apoio que é vital para qualquer indivíduo vulnerável ou em sofrimento.
Portanto, encorajar um diálogo aberto sobre saúde mental e crises pessoais no ambiente familiar, enraizado nos princípios da fé e acompanhado de um estudo reflexivo da palavra de Deus, é essencial. Ao adotar essas práticas, os pais podem desempenhar um papel decisivo não apenas na prevenção do suicídio, mas também na construção de uma geração mais resiliente e espiritualmente equipada para enfrentar as tempestades da vida. Devemos lembrar e transmitir a nossos filhos que, mesmo nos momentos mais obscuros, a mão de Deus está sempre estendida, oferecendo luz, conforto e salvação.