Wilson Aquino – Jornalista e Professor
Uma das raras vezes em que Deus se irritou conosco, Seus filhos, de acordo com os registros sagrados, foi no episódio da ‘Parábola dos Talentos’, quando distribuiu dons para três filhos e, no final, ao prestarem contas do que fizeram com eles, enquanto dois multiplicaram o que receberam (2 e 5 para 4 e 10 respectivamente), demonstrando gratidão pela oportunidade de bem empregá-los, o terceiro, que recebeu um, simplesmente o enterrou, alegando que era “para não perdê-lo”. Foi então que o Senhor lhe disse: “Mau e negligente servo… Tirai-lhe, pois o talento e dai-o ao que tem os 10 talentos em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem será tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt. 25:14-30).
Observe que com essa parábola, o Senhor espera que usemos nossos dons e talentos em benefício próprio e da coletividade, e que não nos desanimemos ao trilharmos a longa jornada da vida. Aprendemos também que todos, absolutamente todos, recebem pelo menos um talento. Ou mais, de acordo com a capacidade de cada um, conforme o próprio Senhor explica.
A lição que fica é que não devemos enterrar os talentos que recebemos. Pelo contrário, devemos multiplicá-los durante nossa vida, custe o que custar em termos de esforço, persistência e perseverança.
Precisamos nos conscientizar de que obstáculos sempre surgirão no caminho, para tentar nos desanimar e desistir. Devemos enfrentá-los e superá-los com garra e determinação para que um dia nos tornemos vencedores, aos olhos do Senhor especialmente.
William James Sidis, nascido nos Estados Unidos em 1898, conhecido como o homem mais inteligente do mundo por alguns especialistas, é um exemplo claro e lamentável de alguém que simplesmente não fez uso de suas habilidades e talentos recebidos de Deus. Seu Quociente de Inteligência (QI) era superior ao do físico Albert Einstein (QI entre 205 e 225), chegando a 300 pontos. Ainda quando criança, com menos de 10 anos, já dominava fluentemente várias línguas e aos 11 anos ingressou na Universidade de Harvard, onde passou a dar aulas de matemática antes mesmo de atingir a maioridade. Depois que amadureceu, quando poderia desenvolver grandes feitos com sua incrível inteligência, abandonou tudo, passando a viver longe da fama que adquiriu e a trabalhar em serviços braçais. Morreu em 1944 em Boston, vítima de uma hemorragia cerebral aos 46 anos.
Quanto desperdício de talento! “Servo mau e negligente”, diria o Senhor, pois deveria seguir em frente e lutar contra qualquer obstáculo interno ou externo para fazer prevalecer sua mente privilegiada. Senão em benefício próprio, pelo menos em favor do próximo. Certamente o Senhor contava com ele, quem sabe até para trazer à tona um grande conhecimento que poderia ajudar a todos de alguma forma, como aliás tem acontecido quando o Senhor concede grandes mentes a homens e mulheres em todas as áreas.
Certamente também, o que quer que William Sidis deveria ter feito em benefício da humanidade, com sua brilhante mente, o Senhor permitiu que outro o fizesse. Assim como nos ensina com a Parábola dos Talentos.
É crucial reconhecer que, ao negligenciarmos nossos talentos, estamos desperdiçando uma preciosa dádiva divina. Ao invés de sucumbirmos ao comodismo ou à apatia, devemos abraçar com entusiasmo o desafio de cultivar e aprimorar nossos dons, tornando-nos agentes de mudança e progresso na sociedade.
E como o Senhor dá a todos os Seus filhos, ao menos um talento, tudo o que precisamos fazer é identificá-lo e usá-lo. Essa é a lei. Além disso, ao multiplicarmos nossos talentos, teremos mais alegria e qualidade de vida na Terra.
Observe ainda que o Senhor nos permite “granjeamos” novos talentos. Ou seja, além da facilidade que possamos ter em alguma atividade, como na matemática, física, química… podemos nos tornar também melhores pintores, atletas, escultores, jornalistas… Tudo é possível se quisermos e se nos dedicarmos a aprender e fazer com muito trabalho e perseverança. É muito confortante e seguro saber que o Senhor está sempre pronto para nos ajudar a adquirir todo o conhecimento necessário para crescermos cada vez mais com nossos esforços e aptidões.
O presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Russell M. Nelson frequentemente enfatiza a importância de reconhecer e utilizar os talentos que recebemos de Deus. Em seus discursos, ele destaca que cada indivíduo é dotado de habilidades únicas, concedidas pelo Criador, e que é nosso dever desenvolver e multiplicar esses dons para o benefício de nós mesmos e dos outros. Ele ressalta que ignorar ou enterrar esses talentos é contrário à vontade divina e que devemos ser diligentes e perseverantes na aplicação dos dons que recebemos.
Portanto, que possamos, cada um de nós, comprometer-nos a não apenas identificar, mas também aprimorar e compartilhar os talentos que nos foram confiados, quer físico, intelectual ou espiritual, contribuindo assim para um mundo mais rico em criatividade, compaixão e excelência.